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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Américo Ribeiro: biografia

Américo Augusto Ribeiro nasceu a 1 de Janeiro de 1906 na freguesia de Santa Maria da Graça, em Setúbal, cidade pela qual se viria a apaixonar e que fotografaria incansavelmente. Frequentou a Escola Comercial mas cedo deixou os estudos, indo trabalhar como ajudante de carpinteiro para a Câmara Municipal de Setúbal. Contudo, sendo este um trabalho muito duro na época, rapidamente foi substituído por um trabalho menos exigente fisicamente, arranjado pelo seu pai. Começou a trabalhar como caixeiro na Papelaria de Etelvino José Machado na Praça de Bocage (onde se situava o Café da Brasileira, hoje uma loja de pronto-a-vestir), mudando-se, mais tarde, para outro estabelecimento pertencente ao mesmo comerciante e situado no ângulo entre as ruas de Antão Girão e Major Afonso Pala.

Foi nesse espaço que teve os primeiros contactos com a arte de Niépce (1765-1833) e Daguérre (1787-1851), através de Alberto Sartóris, proprietário de uma farmácia e de um estúdio fotográfico, situado na Rua de Antão Girão, onde actualmente funciona um estabelecimento de utilidades domésticas. Corria o ano de 1922 e Américo Ribeiro começava a fazer os seus instantâneos e a expô-los na montra do referido estabelecimento.

De tal modo foi o sucesso do seu trabalho e acolhimento por parte da população, que Américo Ribeiro começou a fotografar apaixonadamente todos os eventos de que Setúbal foi palco, desde monumentos e acontecimentos até outros aspectos por si considerados mais importantes. Com o aumento das encomendas, aumentava também o amor à profissão e nascia o sonho de criar um estúdio seu.

Em 1927 faz a primeira fotografia para o jornal O Setubalense e dois anos depois torna-se correspondente fotográfico do Diário de Notícias e do extinto semanário O Sado. Colaborou ainda com as publicações A Bola, A Indústria, a Ribalta, Correio da Manhã, Diário de Lisboa, Diário Popular, Flama, Mundo Desportivo, Notícias Ilustrado, O Norte Desportivo, O Notícias, O Século, Record e Stadium.

A 8 de Dezembro de 1936 consegue realizar o sonho de criar um estúdio ao abrir (associado com Zózimo Canoa, de quem se separou pouco tempo depois) a Foto Cetóbriga (Antiga Foto dos Espanhóis), no Largo da Conceição, nº 9, que vende em 1984 a João Velez. Paralelamente ao estabelecimento setubalense, cria um homólogo em Sesimbra em 1960 com o nome de Foto Améri (na Rua Cândido dos Reis nº11). Acabaria por vendê-lo em 1979 a Valdemar Capítulo.

Apesar dos dois estabelecimentos de fotografia, a paixão de Américo Ribeiro sempre foi a fotografia de exterior e a reportagem, ao contrário de Manuel Rodrigues Aldegalega (1878-1940) e José Joaquim Cabecinha (1877-1940) que preferiam a fotografia de estúdio. A sua obra é assim o espelho do passado da cidade e das gentes de Setúbal, das ruas e do rio.

Ao longo da sua carreira realizou inúmeras exposições das quais se destacam: “Américo Ribeiro: Um Fotógrafo da Cidade”, realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho em 1981; “Aspectos de Setúbal”, por ocasião da Feira de Sant’Iago em 1982; “Presépios tradicionais”, no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal em 1982; “O mar, a terra e as gentes”, em Sesimbra com o patrocínio da Câmara Municipal em 1983; “Américo Ribeiro: Uma Antologia Setubalense”, na Casa de Bocage em 1989; “Américo Ribeiro – Pioneiro do Fotojornalismo”, no Museu do Trabalho em 1966; e na 17ª Exposição de Arte, Ciência e Cultura, organizada pelo Conselho da Europa, estiveram também expostas fotos da sua autoria.

A importância nacional da fotografia de Américo Ribeiro mereceu reconhecimento público como comprovam as inúmeras homenagens e galardões que recebeu: o primeiro e terceiro prémios do certamente organizado pela Comissão de Turismo de Setúbal em 1960; a Medalha de Ouro da Cidade em 1981; a participação, como convidado especial em 1983, no Iº Encontro Nacional de Fotografia realizado em Lisboa; o Diploma de Mérito da Cidade e a respectiva Medalha de Honra na classe Cultura que lhe foi atribuída pela Câmara Municipal de Setúbal em 1985; a distinção com a Medalha de Mérito Distrital no dia de Portugal em 1991; e a Menção Honrosa do Serviço Nacional de Parques e Reservas.
Faleceu a 10 de Julho de 1992, deixando-nos um legado de cerca de 16 mil reportagens assinaladas em livros de registo e 142 500 espécimes fotográficos dos seus mais de sessenta anos de trabalho.~

in LOPES, Madureira, Américo Ribeiro: Todos os Dias. [texto e foto]

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