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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Asilo Acácio Barradas



O Asilo Acácio Barradas foi fundado em 8 de Outubro de 1889, por iniciativa particular de Emília Negrão Barradas, ilustre dama da Cidade viúva de José Sérgio Capeto Barradas que havia sido Presidente da Comissão Municipal em 1847. A sua esposa fundou esta casa com o objectivo de receber velhas pobres e desprotegidas, bem como para amparo e protecção d’aquellas que, sem recursos, se acolherem sob sua inexgotavel caridade. Estava localizado na Rua Antão Girão, no interior da cidade, e albergava 12 asiladas. A criação desta casa de recolhimento insere-se num movimento de benemerência particular que vinha ocorrendo na cidade de Setúbal. A fundadora dá-
lhe o nome de Acácio Barradas, em homenagem ao seu filho Acácio Sérgio Barradas. Após a decisão favorável de concessão do convento à Santa Casa da Misericórdia de Setúbal, com amplas cercas circundantes, Emília Barradas pretende agora, reinstalar aí a sua casa de beneficência e desta forma, propõe à Mesa da Misericórdia que lhe ceda parte da horta do terreno circundante do convento para que ali pudesse instituir um asilo em edifício construído de raiz. Como essa decisão estava fora da alçada da Santa Casa, a instituição faz o pedido, em forma de petição, em seu nome, ao Rei em 1 de Fevereiro de 1892. Em 7 de Maio de 1892, o pedido é de novo reformulado agora descrevendo-se  com maior detalhe os objectivos da Benfeitora e alcance social da sua pretensão (…) Em observância da lei datada não pode o edifício ter mais nenhumas outras applicações, acontece porem que, D. Emília Negrão Barradas, pede a esta Santa Casa licença para em parte da cerca, próximo do edifício  hospitalar construir um prédio onde possa recolher e tratar a expensas suas 4 indigentes a quem faltam os recursos necessários a vida para por estes fossem sufragar e prepetuar a memoria de seu filho Acácio Sergio Negrão Barradas, comprometendo-se, por sua morte, habilitar esta casa com os meios de continuar a manter o pio e caritativo instituto que a sua piedade creou e a sua bolsa hoje mantem já, em local menos adequado (…)

A autorização por parte do poder central foi-lhe concedida em Setembro de 1892 e quando falece, em 11 de Fevereiro de 1899, contempla a Santa Casa com a administração do mesmo asilo sendo no entanto a sua escrituração, tratada separadamente das contas da Misericórdia. 

A posse da Santa Casa é garantida pelo governo através de decreto de 26 de Agosto de 1899 Por este motivo existem 2 inaugurações do mesmo asilo, ambas no dia 8 de Outubro, que é a data do aniversário do filho de Emília Barradas (não de morte mas de nascimento), respectivamente nos anos de 1889 e 1894, a primeira correspondente à primeira inauguração por iniciativa particular, a 
segunda corresponde à segunda inauguração no edifício novo. 

Em relação ao edifício propriamente dito, diz-se que era amplo e hygienico, sendo uma das 
melhores casas de caridade de Setúbal, como referencia o Elmano A média das entradas. Tinha duas salas de recepção  e uma sala de regojizo utilizada para recreio das asiladas, dois dormitórios sendo que um ainda se encontrava vago, e uma enfermaria. Separadamente, estavam os quartos da governante, da ajudante e das criadas. Tinha ainda um amplo e magnífico refeitório, cozinha, casa da rouparia e a casa dos banhos. Perto da varanda estavam as acceiadas retretes, bem como o tanque para lavagem da roupa. O periódico refere ainda que o edifício era bem arejado, pois tinha 34 janelas e ainda 3 ventiladores no seu interior. 

A média das entradas nesta casa de acolhimento entre 1899 e 1920 é de cerca de 5 mulheres por ano, sendo que em 1912, registou-se a entrada de 16 senhoras. Quanto aos falecimentos, para o 
mesmo período, é de cerca de 3,5 perecimentos por ano. A média de idades de entrada das asiladas situa-se nos 73,3 anos

in SILVA, Daniela dos Santos, Rituais e Celebrações Públicas da Assistência em Setúbal 
do Final da Monarquia Constitucional à Inauguração do Museu da 
Cidade (1893-1961).

Fotografia: (legenda) Rua de Acacio Barradas e Convento (ou melhor, Mosteiro) de Jesus, 1946.
in LOPES, Madureira, Amértico Ribeiro - Todos os Dias - Livraria Hemus, 2006.

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