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domingo, 20 de julho de 2014

José Maria Pereira Júnior - Pereira Cão



Pintor decorador de grande nomeada na última metade do século passado, José Maria Pereira Júnior mais conhecido por Pereira Cão surgiu para a vida, em Setúbal, a 21 de Fevereiro de 1841, filho de José Maria Pereira e de D. Rosalina de Jesus Costa.
Foi entre nós que Pereira Caão iniciou a sua aprendizagem como artista. Breve, porém, se transferiu para Lisboa, onde, aos 13 anos, começou a cursar o Instituto Industrial, havia pouco criado. Fiel, porém, à sua vocação artística matriculou-se nas aulas nocturnas da Academia de Belas Artes que frequentou durante um triénio.

Apenas com vinte e um anos foi trabalhar para o Palácio da Ajuda, nas obras de restauro realizadas no mesmo, quando do casamento de El-Rei D. Luis com a Rainha Senhora D. Maria Pia. Seguidamente, colocou-se no teatro S. Carlos onde trabalhou com os cenógrafos Rambois e Cinatti.Ao mesmo tempo fazia decorações de grande valor artístico em casas particulares, como nos Palácios dos Duques de Palmela, ao Calhariz, em Lisboa, e no de Azeitão. Decorou ainda os palácios de D. Luís Carneiro, à Anunciada, do Visconde de Coruche, do Conde de Fontalva, dos marqueses de Viana e da Praia e Monforte, de Flamiano Anjos, etc…
De norte a sul do País, desde Braga ao Algarve, Pereira Cão deixou afirmado o seu notável mérito de grande artista decorador, sem dúvida o maior entre nós e um dos maiores de todos os tempos, neste género de pintura. Em Lisboa quase todas as grandes casas da última metade do século passado ostentam pinturas do admirável artista. 
É obra sua a decoração da cúpula da Câmara Municipal de Lisboa, incontestavelmente, o seu melhor e mais notável trabalho. 
Há trabalhos do nosso conterrâneo nos Paços reais da Ajuda, e do Alfeite, do Tribunal da Relação, etc…
Também deixou patente o seu talento em numerosas igrejas por todo o País…
Especialista na pintura de flores atesta, principalmente, a sua habilidade neste ramo o vestíbulo do hospital de S. José.
Como síntese do seu valor escreveu dele um seu biógrafo: «Pintor genérico, decorador e cenógrafo, cultivando com distinção há mais de meio século o ornato e as flores em que é exímio e a pintura cerâmica, especialmente azulejos. Conhecendo e praticando todos os géneros e processos antigos ou modernos, da pintura decorativa dos edifícios, interior ou exterior, como o fresco, têmperas diversas a óleo, aguarela, etc. … bem se pode considerar  pelo menos o nosso derradeiro pintor frascante e o maior dos pintores decoradores que ficaram do século XIX». Pereira Cão faleceu em Lisboa a 16 de Janeiro de 1921 com oitenta anos de idade.

in PAXECO, Óscar, O Triptíco de Luciano

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